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Mais de 70 militantes participaram da plenária das regionais Grande Belo Horizonte, Central e Centro Oeste, que debateu os documentos da 3ª Conferência do PCdoB sobre a emancipação da mulher. Além de representantes da capital, o encontro contou com a presença da militância de Betim, Divinópolis, João Monlevade, Luz, Ouro Preto, Ribeirão das Neves, Rio Acima e São José da Lapa.

Em Minas, os encontros regionais e setoriais já mobilizaram mais de 500 mulheres e homens que têm como objetivos comuns o combate à opressão de classe, de gênero, e a disseminação das lutas emancipatórias e sociais entre as mulheres comuns, através da construção de um feminismo popular. A etapa estadual acontece no sábado, dia 06, a partir de 9h.

“Nosso partido tem reagido com muita força neste momento de dificuldades, e constrói uma frente ampla em defesa da democracia, da vida, do auxílio emergencial e da vacinação. E neste contexto, debate a construção de um movimento emancipacionista popular, que nos ligue a milhares de mulheres da periferia, pobres, negras, que sofrem com a violência doméstica, política, com o feminicídio e com uma sociedade patriarcal que divide sexualmente o trabalho, oferecendo para as mulheres papel secundário e baixos salários”, destacou em sua saudação Vanessa Graziottin, secretária nacional de mulheres do PCdoB.

Também saudaram a plenária o presidente estadual do PCdoB/MG, Wadson Ribeiro, o vice-presidente, Francisco Rubió, a presidenta do Sinpro e CTB/MG, Valéria Morato, e Bárbara Ravenna, presidente da UBM/MG. Na sequência, a secretária de Mulher do PCdoB/MG, Júlia Aguiar, fez uma apresentação resumida da tese da conferência.

Após a leitura dos principais pontos da tese, várias pessoas se manifestaram para contribuir com a construção do documento final do encontro. “A partir do impeachment da presidenta Dilma, passamos a viver num mundo de precariedade em todas as áreas, no qual a classe trabalhadora está sendo destruída. Parece que voltamos aos primórdios da revolução industrial”, asseverou Kátia Virgílio, candidata a vice-prefeita de Belo Horizonte pelo PCdoB em 2020.

“As mulheres que estão na linha de frente na luta contra o Covid estão extremamente sobrecarregadas. Além das jornadas exaustivas e da sobrecarga emocional pelo risco e pelo contato com o sofrimento de pacientes e seus familiares, ainda enfrentamos a jornada doméstica”, assinalou Kelli de Souza, enfermeira da Unidade Básica de Saúde de Betim.

A professora Celina Areas alertou para a centralidade da luta de classes que há quase 100 anos acompanha o PCdoB. “Esta centralidade deve se estender à emancipação das mulheres, que são 53% da população e 48% da força de trabalho. Precisamos lutar continuamente por avanços, até superar o capitalismo”. A jornalista de Ouro Preto, Débora Queiroz, defendeu “novas formas de organização das comunistas para dialogar com as mulheres, pulverizadas pela conformação do novo mundo do trabalho”.

Andreia Diniz, secretária sindical do PCdoB/MG, lembrou que as mulheres metalúrgicas “convivem com assédio moral, sexual, salários menores e dificuldades de ascensão nas empresas do setor”. Maria Isabel Siqueira (Bebela), da rede de enfrentamento à violência contra a mulher, reforçou a importância de as lutas do feminismo popular “chegarem às mulheres comuns, aonde o discurso acadêmico não chega”. A professora e também militante do coletivo de mães solo, Fátima Carvalho, disse que “o aumento da participação das mulheres na política deve ser de toda a militância partidária”.

Dina Costa, de Ribeirão das Neves, reafirmou a necessidade das mulheres mais vulneráveis serem “prioridade para o partido”. Já a pedagoga Hayne Schaub, recém-filiada ao PCdoB, contou a experiência de luta que vem tendo, ao lado de outras mães solo, no coletivo mães que se ajudam. “Defendemos políticas públicas que nos tirem da invisibilidade. Só em 2020, mais de 80 mil crianças foram registradas no Brasil só pelas mães. O coletivo me acolheu e junto com todas podemos compartilhar nossos sonhos de mudança”, revelou.

Único dos 30 homens presentes a se pronunciar, Silvânio Alves, de Divinópolis, lembrou a luta da mãe, que o criou sozinha. “Ela era feminista e não sabia. Digo isso pela minha educação, que considero feminista. Infelizmente, naquela época não havia nenhuma política pública que incluísse as mães e as mulheres em geral”.

A ex-deputada federal Jô Moraes, última a falar, relembrou o drama em que vive o país, com mais de 250 mil mortes, índices elevados de contágio da Covid e a omissão criminosa do governo Bolsonaro. “E é neste momento que discutimos como fortalecer nossa luta. Estamos motivadas para defender a vida, a vacinação imediata e a volta do auxílio emergencial. Temos que pressionar o Congresso e ampliar estas lutas, agregando amplas forças políticas”.

De Belo Horizonte
Cyro Viegas